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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Uma poesia

...incrível como tenho problemas para postar aqui, mas é fácil usar o tal do eu-lírico.

tô devendo algumas composições, e espero que saiam ainda essa semana... enquanto isso, ao invés de falar, prefiro simplesmente isso.

Sobre as vidas modestas / Salésio

salésio

silva, trabalhador a serviço das burocracias weberiana e brasileira
funcionário público desde jovem
fez de tudo para não ter que fazer nada
e achou tudo tão chato em consequência

mas salésio não se cansa - pura vontade de superação
e salésio vai sem pensar, e pensa depois, quando já foi
as coisas são porque são, pensar é burrice
a vida não espera os fracos

salésio

silva, sempre selvagem mas nunca um silvícola
apaixonou-se por uma índia
vinte e três anos e cabelos pretos e lisos e longos e macios
vinte e quatro motivos para não dar motivos para o moço

mas salésio não se cansa - pura vontade de superação
e salésio vai sem pensar, e pensa depois, enquanto vai
mas ela, como uma boa índia, morreu no final do filme
ao menos para ele, na linha do telefone

silva, batalhou na guerra dos 40 anos
se afogou num mar de insuficiência
se todos os lados estão vazios, não tem pra onde nadar
salésio hesitou pela primeira vez

e salésio se cansou - e colocou no armário a vontade de superação
como uma latinha de coca-cola da propaganda
funcionário das burocracias, acabou-se a burocracia
a vida é sua e só sua

e matou-se alguns dias depois.

http://himahimasei.blogspot.com/2010/10/sobre-as-vidas-modestas-salesio.html

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